Diretora do IMES-Catanduva fala de mercado de trabalho

 
     
  10/02/2009

Profa. Dra. Cibelle Rocha Abdo enfatiza: “Nada melhor do que fazer o que gosta criando o seu próprio estilo de vida”



Catanduva-SP, 10 de fevereiro de 2009 – A diretora do IMES-Catanduva, Profa. Dra. Cibelle Rocha Abdo, em entrevista, traça um panorama das novas perspectivas do mercado de trabalho. Entre os temas abordados estão: escolha da profissão; mudanças em curso; profissões em alta e perfil do novo profissional.

“Cada vez mais se exige que os profissionais tenham espírito empreendedor e flexibilidade e que, enquanto gestores de pessoas, utilizem sua capacidade de comunicação o tempo todo”, destaca Abdo.

O que o mercado de trabalho espera do novo profissional? Quais os cursos com maior perspectiva de crescimento? Confira abaixo na íntegra a entrevista.

1 - Como acontece hoje a escolha da profissão? Com tantos meios de comunicação e tanta informação à disposição dos jovens, a escolha da profissão ainda pode acontecer por influência familiar?

Todas as pessoas precisam, num certo momento de sua vida, ingressar no mundo do trabalho. A escolha do que fazer, do que cursar, é preciso ser bem orientada, pois da realização profissional decorrem a realização pessoal e a felicidade de uma pessoa. Poderá ajudar na escolha o conhecimento de si próprio; a pesquisa de cursos e profissões; visita à faculdade que escolheu; conversas e contatos com quem pode ajudar, por exemplo, profissionais da área escolhida; descoberta de seus próprios interesses; consciência de suas habilidades e capacidades.

Esta escolha profissional se faz num contexto que envolvem as expectativas e influências familiares (pais e parentes), professores, amigos, as perspectivas do mercado de trabalho, tradição da família, dinheiro, modismo, etc. Portanto, estes fatores também devem ser levados em conta na hora de escolher uma profissão e o curso universitário que se quer fazer.

Destaco que a influência familiar acontece mais cedo do que se imagina. Quando os pais escolhem o nome de seus filhos, ou a escolha de onde estudarão, de uma forma ou de outra estão colocando expectativas de como gostariam que fossem. A família desde muito cedo coloca expectativas e determina valores. Os pais podem e devem explicitar suas expectativas e não as ocultar com medo de estar influenciando na escolha. Mas que seja de forma não autoritária. E devem estar preparados para aceitar a escolha do filho que poderá ou não respeitar as expectativas da família.



2 - Como o jovem pode estar seguro de ter feito a melhor opção? Existem formas para ele avaliar se a escolha foi correta, mesmo antes da graduação?

Devemos encarar que a escolha profissional não é necessariamente definitiva. Novos caminhos vão surgir durante a faculdade. O mercado de trabalho pode exigir adaptações ou uma grande guinada na carreira. Não é difícil encontrarmos engenheiros trabalhando na área de finanças, arquitetos se dedicando à área comercial, economistas cuidando de marketing. O curso a ser escolhido deve ser encarado como a escolha de uma plataforma, um alicerce para a construção da vida profissional.

A mudança não significa fracasso nem frustração, mas sim a aceitação de desafios que a vida vai trazendo. Escolher uma profissão representa esboçar um projeto de vida, questionar valores, habilidades, o que se gosta de fazer, a qualidade de vida que se pretende ter.

A certificação da escolha correta virá gradativamente durante a graduação, juntamente com o amadurecimento que a própria idade irá confirmar; e, enquanto caminha na aquisição de conhecimentos, o jovem poderá avaliar o grau de satisfação e envolvimento que isso lhe proporciona ou realizando estágios onde possa estar experimentando a prática profissional.



3 - Quais, na sua opinião, são as profissões do futuro e quais profissões vc acredita que tendem a desaparecer?

Com a globalização e a modernização de alguns processos, a diversidade de profissões e de áreas de atuação cresce a cada dia mais. A angústia aperta mais diante do variado leque de alternativas de curso superior e das novas opções de carreiras e oportunidades de trabalho.

As profissões desaparecem à medida que são substituídas por outras ou superadas pela tecnologia (linotipista, datilógrafo, etc.). Mas os cursos normalmente se moldam às novas tecnologias ou se transformam com base nas exigências do mercado (Curso de Biblioteconomia passa a ser Ciência da Informação).

Numa compilação feita em artigos de revistas, jornais e periódicos destacam-se cinco áreas que envolverão as profissões do futuro:

Tecnologia da Informação e Comunicação

Em computação, esta é a área que mais cresce no mundo, estando em constante atualização. Os profissionais precisam se atualizar constantemente no desenvolvimento e manutenção de hardwares (equipamentos) e softwares (programas) e com tecnologia aplicada à telefonia celular e wirelless (comunicação sem fio).

As principais carreiras que dão apoio a esta área são: engenheiro da computação, bacharéis em ciências da computação e em informática e analista de sistemas. Dentro da área de atuação estão as empresas de desenvolvimento de softwares, bancos e consultorias.

Agronegócio e Meio Ambiente

Na agroenergia está um grande avanço do Brasil, pois aumento na produção de etanol gerará empregos especializados no campo e nas indústrias. Este setor envolve profissionais que pesquisam, produzem, processam e distribuem produtos do setor agropecuário e que trabalham com questões ambientais.

As principais carreiras que dão apoio a esta área são: engenheiro agrônomo, médico veterinário, biólogo, biotecnólogo, pesquisadores em geral, administrador rural, bacharel em comércio exterior, engenheiro florestal e ambiental, advogado especializado em direito ambiental. Na área de atuação estão fazendas, indústrias, laboratórios de pesquisas, ONGs, escritórios de advocacia.

Qualidade de Vida

A população quer viver bem e o stress do mundo moderno impulsiona o mercado do bem-estar que engloba profissionais que trabalham com a saúde física e mental das pessoas, especialistas em terapias alternativas e naturais, com controle de stress e profissionais da estética.

As principais carreiras que dão apoio a esta área são: químico, revendedor, naturólogo, esteticista, dermatologista, fisioterapeuta, cirurgião plástico, educador físico, psicólogo, dermatologista que poderão atuar em SPAs, clínicas estéticas e psicológicas, hospitais, empresas e ONGs.

Educação

A formação de profissionais com múltiplas qualificações ampliará mercado para educadores e professores envolvendo todos os processos que resultam no desenvolvimento da capacidade intelectual das pessoas.

As principais carreiras que dão apoio a esta área são: professor, diretor e consultor educacional atuando nas áreas de educação básica, ensino superior, educação corporativa e educação à distância (EAD).

Entretenimento

A indústria do lazer se profissionalizou e estimulou investimentos em turismo, produção crescente de musicais e a promissora área de design de games geram novas oportunidades envolvendo planejamento, organização, promoção e divulgação de atividades ligadas ao lazer e à cultura.

As principais carreiras que dão apoio a esta área são: operador e agente de viagens, gestor, guia turístico, músico e equipe técnica na área de espetáculos, bacharel em turismo, designer de games e ator musical. As áreas de atuação estão em operadoras e agências de turismo, hotéis, restaurantes, companhias aéreas, órgãos governamentais, empresas promotoras de eventos, teatro, televisão e cinema.



4 - Qual sua opinião sobre a opção por uma formação técnica, e não universitária?

Atualmente contamos com três modalidades para cursos superiores: Licenciatura, Bacharelado e Tecnólogo. Portanto os cursos tecnológicos passam a ser considerados como cursos superiores e não mais como ensino médio. Continuam a existir os cursos técnicos de nível médio, ocorrendo no momento uma grande expansão dos cursos superiores tecnológicos (FATECs).

Basicamente o que diferencia a formação universitária da tecnológica seria a realização de projetos de pesquisa para fazer ciência com experimentação. Algumas pessoas se interessam por pesquisa, mas a grande maioria objetiva um curso superior com mercado de trabalho competitivo e que lhe traga êxito social e realização profissional.

Entendo ter campo de trabalho para ambas as modalidades de ensino superior e que ambas devem ser incentivadas e não vejo nenhum detrimento ou supremacia de uma modalidade sobre a outra.



5 - O que o jovem profissional brasileiro, de qualquer área de atuação, pode esperar do mercado de trabalho?

Mercado de trabalho é a relação entre a oferta de trabalho e a procura de trabalhadores, e o conjunto de pessoas e/ou empresas que em época e lugar determinados, provocam o surgimento e as condições dessa relação.

Ficar atento ao mercado de trabalho é fundamental para quem está pretendendo investir em uma profissão, em uma carreira. Entender o que se busca num profissional atualmente, as novas regras de trabalho, as relações de competição, as exigências da globalização, tudo isso faz parte da compreensão global da expressão “mercado de trabalho”.

Uma série de mudanças relativas ao mercado de trabalho está em curso. É unânime entre os estudiosos que será valorizado o profissional que dominar mais de uma área do conhecimento. Será a combinação de duas (ou mais) formações (cursos, faculdades) que lhe dará instrumentos para vencer os desafios.

Além disso, por causa da tecnologia - o grande motor transformador que permeia todas as áreas citadas -, os limites entre casa e trabalho serão tênues e horário fixo poderá virar ficção. O que importará serão os resultados. É um mundo novo e cheio de possibilidades, inspirador e competitivo.

A tendência é a diminuição dos empregos formais. Desta forma, cada vez mais se exige que os profissionais tenham espírito empreendedor e flexibilidade e que, enquanto gestores de pessoas, utilizem sua capacidade de comunicação o tempo todo.

Além disso, quanto mais o profissional está motivado, mais chances de crescer na carreira. Lembre-se: ninguém é feliz fazendo o que não gosta. O trabalho não deve ser fonte de insatisfação e sim de prazer. Nada melhor do que fazer o que gosta criando o seu próprio estilo de vida.

Formação acadêmica

Cibelle Rocha Abdo tem graduação em Ciências Biológicas (UNESP/São José do Rio Preto), com Mestrado e Doutorado em Ciências da Saúde (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP).

Atualmente, é diretora do Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva (IMES-Catanduva) e professora nas Faculdades Integradas Padre Albino (FIPA) nos cursos de Enfermagem e de Medicina.