Ex-aluna lança livro de poemas com ilustrações do falecido professor do Imes Sergio Motta

 
     
  10/05/2021
Guita escreveu, abaixo, um texto em homenagem ao professor


A ex-aluna do curso de Letras do Imes Catanduva Guita Guerzoni Piva lança esse mês seu novo livro de poemas, intitulado “Versos que me habitam”, que conta com ilustrações e prefácio do ex-professor do Imes Sergio Vicente Motta, falecido recentemente (no dia 24 de abril).
A obra literária está em pré-venda até o dia 26 de maio, e o pagamento dos direitos autorais será revertido a entidades assistenciais de Ariranha e Santa Adélia. De acordo com informações de Guita, o livro pode ser adquirido pelo site da editora Patuá, em https://www.editorapatua.com.br/produto/248940/versos-que-me-habitam-de-guita-guerzoni-piva - o valor é de R$ 40 + frete, com pagamento no boleto ou no cartão, e ele será encaminhado para a autora autografar e remetido ao endereço do comprador após o dia 27 de maio.
Guita escreveu um texto em homenagem ao professor Sergio Motta (que foi ex-aluno e ex-professor do Imes, além de ter se aposentado como professor da Unesp/Ibilce, de São José do Rio Preto) - que segue abaixo.

Sérgio Motta, meu amigo genial

Amigo de sempre e parceiro de estudos, cursamos juntos o Ensino Fundamental e o Médio, em Santa Adélia, e a faculdade de Letras, em Catanduva. Desde que o conheci, quando abaixava a cabeça durante alguma aula, ou nos intervalos, o cabelo liso caía sobre o rosto e ele fazia o que mais gostava: desenhar. Flagrei-o inúmeras vezes em total viagem de criação.
Na faculdade, sentava-se uma carteira atrás de mim, na fileira ao lado. Durante uma aula monótona, seu cabelo caiu várias vezes e a caneta correu no papel. Olhei de lado, um risinho, olhei, outro. No intervalo, puxei a folha e vi sua arte: havia me desenhado com uma verruga num nariz de bruxa, pernas tortas com pelos duros, minissaia justa, pés grandes dentro de sapatos esborrachados, bolsinha velha pendurada no braço. Piquei a folha, joguei no lixo, me fiz de brava. Sérgio ficou vermelhinho, começou a rir e eu também. Lógico que me arrependi de ter rasgado a bruxa: estava perfeita. Em nossa formatura, transformou-se em diretor de teatro. Encenamos, sob sua batuta, uma adaptação feita por ele do poema “Os bens e o sangue”, de Carlos Drummond de Andrade.
Não nos vimos por mais de 20 anos. Mas sempre sabia do Sérgio por amigos comuns. Eu me mudei para São Paulo e me aposentei como diretora de escola. Ele se fixou em Rio Preto, onde se aposentou como professor da Unesp, respeitado por sua competência em várias Artes e pelo caráter de homem generoso e sensível. Mas não há tempo que desbote amizades estampadas no respeito, na afeição e na identidade de interesses intelectuais.
Reencontramo-nos em meados de 2019, por WhatsApp. Falamos dos nossos companheiros, filhos, netos. Ele continuava pintando, esculpindo, escrevendo, desenhando; e eu, redigindo meus contos, crônicas e poemas. Contei-lhe que tinha um cartaz guardado há décadas, desenhado e pintado por ele a nanquim e se queria que o devolvesse. Agora? Claro que não. Rimos muito. Arrisquei e perguntei se ilustraria um livro meu de poemas. Topou.
Trocamos inúmeras mensagens sobre as ilustrações e outros temas de nosso interesse e ele também passou a me enviar poemas e a pedir sugestões. Recebi seu livro “Arlequina, a Estrela da Represa e o Pássaro Azul Infinito”, com dedicatória que resume o significado do nosso reencontro: Nossas vidas foram pontilhadas por percursos muito significativos na nossa formação. Nos reencontramos, agora, num momento mais elevado de nossa amizade, renovação e, sobretudo, de criação. Um abraço do Sérgio.
Meados de 2020, livro pronto, enviei os originais para a editora Patuá. Já havia lido que o jovem editor, Eduardo Lacerda, é grande incentivador da literatura e que, com cerca de dez anos no mercado, tem mais de 1200 livros publicados e vários prêmios importantes. Sensível, entendeu que meus poemas e as ilustrações do Sérgio deveriam ficar juntos, porque se desvendavam. Em dois dias, veio a resposta: iria publicar o livro. Pedi que o nome do Sérgio estivesse na capa que desenhou. Meu amigo também fez um prefácio-adivinho para o livro: ninguém saberia escrever sobre meus poemas como ele.
Tinha planejado fazer, depois da pandemia, o lançamento na capital e também no interior, para que pudéssemos reunir nossos amigos. A pandemia não acabou. O lançamento seria on-line. Queria o Sérgio presente em todas as lives. Não deu tempo. Meu amigo genial foi requisitado com urgência, no Olimpo, para auxiliar Apolo a zelar pelas Artes.

Egle Emidia Guerzoni Piva (Guita)




Capa do novo livro de Guita